Semana com a mãe

É engraçado qdo temos um blog. Vamos vivendo e pensando: "Isso daria um bom post" kkk

Ou tiramos uma foto e pensamos: "Essa vai pro blog"

Aqui em Curitiba estou vivendo uma realidade paralela. Aquele momento da vida não parece real. Essa semana voou e eu estou completamente desconcentrada na minha vida, vivendo um dia de cada vez, fazendo o que eu posso para ajudar toda a situação.

Tenho buscado manter a sanidade mental e minha fé. Estou tentando buscar na minha memória a minha mãe. É tão estranho!

Cuidar da mãe, dormir no hospital, tentar arrumar as coisas aqui em casa não é sacrifício nenhum para mim. Essa parte não é dificil de forma alguma.

O difícil é depender de ajuda dos outros. Sério mesmo. É frustante. Até porque ninguém tem obrigação de ajudar o tempo todo, todos tem suas vidas para seguir adiante e é muito dificil pedir ajuda dos outros. Peguei pra mim a responsabilidade de fazer uma escala para as visitas no hospital. Minha mae teve alta da UTI e está no quarto, mas claro, completamente confusa e sem conciencia do que acontece, entao ela precisa de acompanhamento 24h. Me programei, minha tia e pres da SOC ajeitou a escala e tivemos 3 "furadas" que parece pouca coisa mas me deixou arrasada porque daí é uma peregrinação, liga pra um e pra outro, faz todo mundo correr, as pessoas ficam tristes em ter que dizer não, dai fica aquela situação e AHHHHHHHHHHH é aquele momento que eu desabo. Como estou com o Eric não posso ficar la o tempo todo, mas sério, preferia a depender. Não acho que é falta de humildade em pedir ajuda, mas um sentimento de não querer "incomodar"...sei lá, nem sei pq eu to escrevendo isso. Tentando organizar minha mente talvez. Mas claro, tem muita gente maravilhosa (MUITA MESMO) pronta pra ajudar e oferecendo apoio o tempo todo. Felizmente é uma MAIORIA que ajuda e presta solidariedade.

O fato é que dia 05 de agosto eu volto a trabalhar e espero poder deixar tudo meio organizado pq meu pai nao tem a MENORRRRRRRR condição de ir atras disso.

E lá, inocente a tudo isso esta minha mãe em algum lugar escondido na mente dela. A mãe que eu cuido no hospital é a mesma Rosana inocente, docil, engraçada que ela sempre foi, só confusa. Mas eu a amo tanto, tanto.

É tão engraçado que as poucas coisas que ela fala sao sempre relacionadas ao evangelho. Hoje eu falei : - mae, vamos cantar? . Ela comecou a cantar o mesmo hino que cantamos a 1 mes atras, antes dela entrar em coma. Me senti TÃO GRATA por isso. Fiquei tão feliz em estarmos cantando de novo aquela canção.

Ela chama todas as mulheres que entram de "sister" e os homens de "elder" (um titulo usados pelos missionarios da Igreja). Em algum lugar na mente dela, ela acha que ta organizando uma acampamento da igreja. Ela me pede: - Sister, ligue pro elder pra saber como os jovens vão lá.
- Sister, vamos fazer a lista de comida.
E assim vai.
Hoje ela recitou varias escrituras que ela sabe decorado.

Agora, a parte mais linda de tudo, é que ela raramente reconhece as pessoas e ate mesmo os filhos, mas o pai, ela NUNCA esquece. Ela nunca chamou meu pai de "elder", ela pede pra eu ligar pra ele, ela sabe que é o marido dela. Incrivel, que amor é esse? Esses dias ela pediu :
- Sister, ligue pro Seu Darlei.
Dai eu liguei e o pai atendeu e ela:
- Alôôôôô, meu amooooorr, quando vc vem me buscar?
Na UTI uma vez, ela foi posta em uma poltrona sentada. Dai ela segurou no meu braco com forca, de ajeitou e inclinou o corpo pra frente e fez um biquinho, pedindo beijo para meu pai. É um amor lindo mesmo.

E assim sigo vivenciando uma fase que parece irreal. Sou grata ao Senhor ter respondido as orações e jejuns de tantos amigos queridos que rogaram por ela. Ele respondeu e ela esta voltando.
Sou grata por ele me dar SERENIDADE, pois preciso me mantes firme e calma ou nao ajudo nem minha mae, nem meu pai. Sou grata por ter parentes e amigos com tempo e disposição para ajudar e me acalmar. Meu tio Wawa, que casou com minha tia Mirna, NA UTI, e viveu coisas bem piores que isso com ela, me aconselhou e foi um anjo enviado para me ajudar a me acalmar e reagir. Sou grata por meu marido entender que eu preciso ficar aqui e por ter um filho tao querido que fica com meu pai e com qualquer pessoa para que eu possa dormir no hospital. Sou grata por nao ser a unica filha nessa historia, essa historia nao eh minha e meus irmaos estao passando as mesmas angustias e gratidoes cada um ajudando como pode, estamos juntos nessa. Sou grata. Sou grata.