terça-feira, 12 de janeiro de 2021

COVID: Quando tudo começou por aqui.

 

Hoje eu resolvi que preciso escrever um pouco sobre a pandemia. Principalmente os primeiros dias do lockdown e algumas das minhas lembranças e aprendizados.
Por volta de Janeiro e Fevereiro, eu lembro de assistir o Fantástico com o Capistrano e comentar com ele: “Olha que loucura o que está acontecendo com a Itália. Que desespero não poder sair de casa. Olha, as pessoas fazendo fila para entrar no mercado aos poucos. Olha que loucura Capis”
Mesmo vendo o que acontecia, ainda havia aquela sensação de que “isso não vai chegar aqui”.
Eu comprei passagem para visitar minha irmã na Georgia em Abril, eu tinha um evento na Califórnia no final de Março, no Disneyland Resort ainda, estavam pagando minha estadia e ingresso do evento. Comprei tickets para visitar a Disney pela primeira vez só eu e minha amiga Jéssica que ia apresentar no evento comigo. Vida seguia normal.
Começaram a chegar as notícias de como estavam as coisas em Nova York e na Califórnia. Mas eu pensava “Se a Disney não fechou, ainda temos uma chance”.
 Em Março, numa terça-feira apresentei um evento de tecnologia educacional. Apenas algumas pessoas estavam usando máscaras, mas nenhum cuidado extra sobre isso.
O evento foi terça e quarta-feira (UCET). Na quinta-feira voltei para a escola e na sexta era o minimal day na escola, o dia que os alunos saem bem mais cedo que o normal para os professores poderem planejar. 
Pois bem, quinta-feira os alunos saem da escola e o governador, por volta das 3 da tarde, faz um pronunciamento instaurando o lockdown. 
No dia seguinte, tudo mudaria, e estava um clima muito estranho no ar. O Capis também foi mandado para trabalhar de casa e trouxe o computador e roteador da empresa para trabalhar de casa. 
Tivemos a sexta feira para começar a preparar tudo para a escola online por 2 semanas. 
Eu não estava muito preocupada porque eu tenho treinamento de tecnologia e achei que eu daria conta facilmente. 
Nos 3 dias na escola, ainda ninguém estava usando máscara. Nós nos reunimos em grupos e começamos a pensar e preparar o mapa de como iríamos levar aquelas duas semanas. Como faríamos as aulas, as reuniões online...
Foi muito confuso. Como fazer crianças tão pequenas aprenderem online e de forma independente? Não foi muito fácil. Na verdade causou a mim e minha parceira do inglês grande angústia e um tom de tristeza. Eu chorei. 
Ao mesmo tempo, os mercados estavam ficando lotados de gente e com as prateleiras VAZIAS. Um cenário de filme apocalíptico, junto a todas as falsas informações de que tudo iria fechar, incluindo mercado. 
Mesmo não querendo, eu e Capis seguimos a onda e tentamos estocar produtos. Eu mesmo comprei farinha e fermento que eu nunca usei. Ovo foi complicado achar, papel higiênico foi impossível achar, macarrão e molho de tomate acabou em um sopro.
Eu e o Capis só conseguimos comprar papel higiênico desses de loja, de rolo grande para restaurantes. 
Começamos a usar máscara nos mercados e em todos os lugares, muito álcool gel e luvas. A gente andava no mercado olhando tudo a volta. Todos eram suspeitos. Foi um período muito estranho. 
Fui tomada de muita angústia e de muita tristeza. Quase que como um luto. A preparação para as aulas me consumia muito tempo, minha parceira estava, de início completamente perdida e eu tinha que fazer o meu e o dela. 
Além disso, eu tinha que ajudar os meus próprios filhos, responder muitos e-mails e mensagens dos pais.
Quando as duas semanas estavam por acabar, o governador e o distrito estenderam a não volta dos alunos até o fim do ano letivo e isso me doeu DEMAIS. 
Os últimos meses do ano são mágicos para os alunos da first grade que finalmente estão entendendo o português e começam a produzir com a língua e isso foi tirado deles e de mim.
Foi difícil também me organizar para todas as atividades que a Bianca e o Eric tinham que fazer, mais todas as terapias online deles, mas minhas reuniões online...realmente complicado.

Meu evento na Disney foi cancelado e nós cancelamos nossa viagem para Georgia com medo de levar algum vírus para meu sobrinho Nicolas que estava em quimioterapia. 

As coisas foram ficando depressivas e eu comecei a sentir falta de gente. Felizmente a primavera começou a chegar e os dias começaram as esquentar. Pudemos começar a fazer passeios na natureza, trilhas, parquinho e explorar nosso próprio quintal. Alguns amigos vieram fazer um encontro sem abraço no quintal, visitas no jardim de outros. 

A vida foi seguindo. Muitos eventos aconteceram durante a quarentena e eu quero contar cada um deles com todos os detalhes que eu conseguir lembrar. 









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