sexta-feira, 15 de junho de 2012

Ser uma mãe da APAE

 Quando eu comecei a ter que levar o Eric para os atendimentos de sexta-feira na Apae, eu odiava pq chegava em casa com o coração despedaçado. Hoje eu adoro.

Chego do trabalho, cozinho rapidinho, lavo a louça rapidao, arrumo as crianças, faço um mamá extra para a Bibi e lá vamos nós.

Chegamos e vamos direto para a sala de mães, que é onde esperamos enquanto as crianças estao em atendimento.

A primeira pessoa que eu encontro com um largo sorriso é a Renata. Uma criança de quase 33 anos. Os papos da Renata são quase sempre os mesmos:
- Que dia vc faz anivesálio? Eu faço em junho, eu vou faze tlinta e tles. Voce tem zentadolia?
- Tenho o que?
- qué dize, o Elic tem posentadolia?
- Posentado que re?
- Ele é encostado?
- Ah, aponsetadoria? Não rê porque?
- Não conta pa ninguem, mas eu tenho posentadolia. Minha imã falo que qdo vié o decimo ela vai me dar uma mala.
- E pq uma mala
E aí ela vai me contar do irmão que mora em SC e que trocou a fono, quem era antes, quem era agora e na semana seguinte ela vai me mostrar que pintou a unha na escola, que só meninas pintam as unhas, os meninos não. E vai com seu sorriso de um verdadeiro anjo me desejar "tenha uma boa semana"
Aí o Eric vai todo feliz ter atendimento com a psico Ana Lucia e chega a mãe do Daniel com ele.
O Daniel tem sindrome de Down e corre brincar com a Bianca, rindo para ela. Depois abre uma revista e me mostra cada figura tecendo seus comentários sobre cada uma. Esse é bonito, olha da novela, hummm que comida gostosa, esse não gosto, esse é de menina, esse é de menino, que bonito. 
Enquanto ele vai para o atendimento converso com a mãe dele
- Ai que essa vida é uma luta. Nóis lá do mato representa que não conhecemo das coisa. Minha vida nao foi  facir mas o Daniel representa que vai ser meu companheiro que de certo o outro nao vai. Que o Danilo é dificir de segurar, se bem que eu mema corri da casa do pai fugida aí achei esse e fiz a burrrrrada de casar , ai como sofro.
Eu adoro essa mulher. Adoro ouvir o sotaque do mato dela, adoro ver ela contar da vida dela nos mato. Daria um filme. Tão simples, mas com tanta força que é de admirar.
O Eric chega e espera a Terapeuta Ocupacional e fica abrindo e fechando a porta quase o tempo todo.
Chega o Lucas e seu pai. Lucas tem autismo e tem 4 anos. Não olha nos olhos de ninguém, mas sorri o tempo todo. Fica vibrado na TV o tempo todo e tenta sair da sala pq quer is logo com a psico que ele adora. As crianças saem para atendimento, outras mães chegam. Eu e o pai do Lucas trocamos experiencias e comparações tanto dos meninos quanto das meninas (eles tbem tem uma bebe de 10 meses). Comparar é inevitável e a troca de experiencias tbem. Comentamos que eu soube que a APAE tem tratamento para autistas porque ele disse para a Marlene (sobrinha da minha vó que mora em Irati) , que encontrou com a minha vizinha no mercado, que me contou e aí eu procurei a APAE. 
Conversamos sobre como "não é fácil", sobre como é bom ter a APAE...

E se o sol está bom saio de lá com meus filhos direto para o parquinho.

Hoje foi assim.

11 comentários:

Unknown disse...

Quantos meses demora pra gente gostar de alguma coisa??
Beijos, pri!

Ingrid disse...

Que bom ler esse post, Pri! Misturinha de sentimentos!
Amo vocês!

Phoenix Luz-Costa disse...

Adorei a descricao, fiquei imaginando toda a cena: a mae do Daniel falando.. voce chegando em casa, fazendo almoco, arrumando as criancas, dando o mama pra Bibi, o solzinho la fora... a vida eh boa Pri, ainda mais quando enchergamos as coisas boas dela! Voce eh uma super mae exemplo! BJo, Phoe.

Katie Houston disse...

Sinto saudades de voce...

Juliane Aguiar disse...

Que delícia esse relato... Ainda me sinto tão isolada, mas quero muito conseguir aproveitar o máximo que a vida tem a oferecer!
Obrigada por compartilhar!!!

Mirna disse...

Concordo com a Phoenix, quando leio o seu relato, parece que to vivendo as coisas com vc... Que bom que tá gostando e o Eric tambem, isso é tão importante né? Beijossss da titia...

CriS disse...

Nossa Pri, eu sinto tanta força vindo de vc! Por mais que vc às vezes escreva e conte que está chateada com alguma coisa, eu sei que daqui a pouco vai vir aquele post de novidades cotidianas tão cheio de vida e força.

Bjoooos

Thais Martins Fernandes disse...

Pri!! Que amor de post! Acho que a Guiga descreveu bem: mistura de sentimentos... gostoso ouvir em detalhes o dia de vcs, me faz sentir bem pertinho!
bjs

Nancy disse...

Priscila, eu sempre vejo seu blog pelo blog da Roberta. Eu trabalhei com música na APAe por quatro anos. Saí de lá pra mudar de cidade com meu esposo. Nunca eu entrarei em um lugar com mais amor que lá. Na primeira semana de aula eu já amava todo mundo. As coisas não tão belas de lá são exatamente as mais belas. A falta de beleza exterior em muitos deles é compensada pela estrema beleza interior. O seu filho é lindo exteriormente e interiormente. Pelos vídeos que eu vejo dele eu percebi que ele é super estimulado, muito mais que outros autistas que eu dei aula. As comparações serão inevitáveis, como vc mesma disse. Mas o contato e a troca de experiência com essas mães e pais são as respostas de muitas orações. Eu aprendi mto na APAE. Lá existem seres celestiais vivendo entre nós. Existem pais valorosos e fortes como vc. Eles nos mostram diariamente o amor sem medida. VC já está uma mãe apaeana, como eles dizem. E eu venho aqui só pra matar a saudade que eu sinto de lá. Bj...Ah, meu nome é Nancy e eu moro em Maringá.

Dadi disse...

Acho que você deveria imprimir os seus posts e escrever um livro... sério...

Te amo
Beijos

Ellen Raquel disse...

Concordo com a Dadi, você devia imprimir seus posts, ía dar um ótimo livro!!
Beeijo flor!